Retorno à atividade física pós-tratamento cardiológico
Foi lançado "Perguntas & Respostas comentadas das Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia", já que doenças cardíacas, tratamentos, prevenção e exercícios orientados sempre contribuirão positivamente para as pessoas com problemas cardiológicos e que são acompanhadas por cardiologista.
O trabalho do professor de educação física com o médico é imprescindível, mas, para isto, as orientações devem ser muito precisas e conscientes, pois qualquer deslize pode ser fatal!
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano de 2020, as mortes e incapacidades devidas a doença coronária e AVC irão ocupar o 1o e 4o lugares na lista das causas globais de doença. (1)
O retorno do paciente à atividade física depende da estratificação do risco para o desenvolvimento de eventos, determinada basicamente pela presença e extensão da isquemia, disfunção ventricular esquerda e arritmias potencialmente graves. Observa-se na prática , redução das atividades habituais, por excesso de zelo do médico ou por medo e falta de confiança do paciente. Este retardo de início à vida ativa, muitas vezes desnecessário, tem implicações negativas diretas nas áreas física, socio-econômica e psicologica.
A identificação de pacientes, caracterizados clinicamente como baixo risco, se complementa por meio de testes ergométricos (TE) realizados entre 7 e 14 dias após o episódio agudo (ex: angina). São empregados protocolos específicos, com cargas leves, em pacientes que não apresentam isquemia, arritmia ou disfunção em repouso. Este teste não deve ser feito por professor de educação física!
O reinício das atividades está intimamente ligado à determinação da capacidade funcional do paciente. A exata localização e detecção do momento onde ocorreram sintomas e/ou modificações ao eletrocardiograma (ECG), bem como do aparecimento de alterações nas respostas cronotrópica e da pressão arterial frente ao esforço, permite identificar parâmetros ou índices que nortearão a prescrição de exercícios. De modo didático, tais índices são denominados “capacidade funcional útil (CFU)”, “capacidade funcional limite (CFL)”, e “capacidade funcional máxima (CFM)”.
CFU = representa, em um teste ergométrico alterado, o nível máximo de esforço ou carga de trabalho compatíveis com normalidade eletrocardiográfica, clínica e hemodinâmica, ou seja, é o momento imediatamente abaixo daquele que se iniciam as manifestações isquêmicas ou de anormalidade ventricular.
CFL = considerada como o nível de segurança, traduzido pelo momento em que se definem alterações eletrocardiográficas e/ou sintomas/sinais de isquemia do miocárdio. CFM = é o limite máximo de esforço obtido em um teste ergométrico.
Dentro da filosofia atual da prescrição de exercícios, deve-se nortear para a busca da CFU no TE, sabendo-se que a faixa de segurança estende-se da CFU à CFL, coincidentes nas provas consideradas normais. Portanto, torna-se evidente a realização do TE (teste ergométrico) para um retorno seguro do paciente à prática de atividades físicas, qualquer que seja o comprometimento cardiovascular. De posse dos resultados, pode-se selecionar aqueles que poderão realizar exercícios não-supervisionados ou sob supervisão multiprofissional, classificados em grupos de acordo com o tipo de resposta encontrada.
Se você tiver um aluno com este quadro, é imprescindível o contato direto com o cardiologista, pois o acompanhamento deve ser "full time" e monitorada a evolução!

Até a próxima!
Referências Bibliográficas:
(1) International Society of Hypertension. Guidelines
fot the management of hypertension. J Hypertens 1999 Feb; 17 (2): 151-183.
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