Será que é tireoide?
Quase todos os dias, atendo no consultório pacientes com uma suspeita: “como super pouco, sigo uma dieta equilibrada, mas não emagreço de jeito nenhum. Acho que tenho problema na tireoide”. De fato, o ganho de peso é um dos sintomas do hipotireoídismo, quando há uma falha na produção de hormônios tireoidianos. Só que, na maioria das vezes, o autodiagnostico está errado. Afinal, sabemos que a disfunção é responsável por menos de 5% dos casos de obesidade.
Não fique achando, porém, que o mau funcionamento dessa glândula pode passar despercebido. Nunca. Afinal, seus hormônios são mensageiros que atuam em todos os cantos do corpo. Absolutamente todas as células têm receptores para os hormônios tireoidianos T3 e T4. Portanto, do funcionamento adequado da tireoide dependem o crescimento, a fertilidade, o sono, o raciocínio e a memória, só para dar alguns exemplos – e não só o emagrecer e o engordar.
As principais disfunções
Hipotireoidismo: a causa mais comum, que está por trás de 80% dos casos, é uma doença autoimune conhecida como tireoidite de Hashimoto. Nela, o sistema imunológico passa a não reconhecer a tireóide como parte do próprio organismo e começa a produzir anticorpos para atacá-las. Aí, ela inflama e reduz a produção dos hormônios T3 e T4. O hipotireoidismo é mais frequente em mulheres e atinge 1% das jovens, 2% daquelas com mais de 40 anos e 5% das que estão acima de 50 anos. Entre as consequencias, o corpo inteiro passa a trabalhar em ritmo desacelerado. Os sintomas são ganho de peso, fraqueza, desanimo, sono excessivo, intestino preso, retenção de liquido e colesterol alto. Aliás, essa disfunção é uma causa bem frequente de depressão. Tem muita gente que toma medicamento antidepressivo quando, na verdade, deveria estar tratando o hipotireoidismo por meio de uma substancia chamada levotiroxina, uma versão sintética do hormônio T4. Cabe ao especialista ajustar as doses dela periodicamente.
Hipertireoidismo: a doença de Graves é a causa mais comum desse quadro e está por trás de 60 a 80% dos episódios. O hipertireoidismo afeta muito mais mulheres do que homens, em uma proporção de cinco a dez pacientes do sexo feminino para cada paciente do sexo masculino.
Também pode surgir em jovens. No geral, ocorre entre 0,5 e 2% da população. Esse desequilíbrio acelera todas as funções do organismo e, outra vez, é uma consequência do ataque do próprio corpo – só que aqui os anticorpos vão incitar a produção de hormônios, em vez de diminuí-la. Para confirmar o diagnóstico, é só dosar o T4 – livre e o TSH, além de verificar a presença do anticorpo TRAb, que estimula a tireoide – em 90% dos casos de Graves, o teste é positivo. As reações, então, são calor, sudorese excessiva, insônia, nervosismo, perda de peso drástica e intestino solto. Em situações mais graves, o pescoço fica inchado e os olhos saltam. O tratamento é feito à base de remédios que inibem os hormônios tireoidianos, radioiodoterpaia ou cirurgia. É importante alertar que muitos casos de hipertireoidismo são causados pelo uso inadequado de hormônios para a tireoide como o objetivo ilusório de emagrecer.
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