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Dr. Filippo Pedrinola - CRM 62.253
Endocrinologia e Saúde
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Você come sem fome?

Algumas das pessoas mais inteligentes e espertas que eu conheço comem em excesso. São bem sucedidas no trabalho e em casa, responsáveis e criativas. Sabem o que é um bom estilo de vida: comer mais frutas e vegetais, menos alimentos processados e fazer exercícios regularmente. Intelectualmente sabem que terão benefícios comendo de forma mais saudável e se movimentando, mas se acham incapazes de melhorar suas dietas e estilo de vida. Já escutei muitas vezes de meus pacientes “como posso saber como comer bem e não ser capaz de fazê-lo?”. Perguntam-se porque suas decisões não coincidem coma forma como desejavam comer. A resposta a essa questão é complexa, mas, para dar uma pista inicial, muitas vezes é um sentimento ou uma emoção que se coloca no espaço entre suas decisões e suas ações.



Mais da metade das pessoas que emagrecem após fazerem uma dieta voltam a engordar após alguns meses. A primeira justificativa é sempre algum problema de metabolismo ou de alimentação, porém, quase sempre no centro do problema está a ansiedade e o estresse de forma que o alimento se torna um fator de compreensão ilusória. Não há duvida de que o homem atual paga um preço alto em troca de benefícios da modernidade.

Ás vezes escutamos dizer que a comida é uma droga. Essa observação não é totalmente infundada porque efetivamente os alimentos tem a capacidade de solicitar os centros de prazer cerebrais como fazem as drogas, o álcool, o fumo e o sexo, dando uma grande sensação de “recompensa” e gerando o desejo de repetir a experiência.

Poucos sabem que por traz de muitos alimentos processados existe refinada pesquisa que tem como objetivo criar misturas de ingredientes capazes de produzir a máxima resposta de prazer, uma experiência sensorial difícil de controlar e que a maioria das pessoas acabam procurando repetir de forma descontrolada.


Os americanos chamam esse fenômeno de “bliss point”, o equilíbrio entre açucares e gorduras ou gorduras e sal, que favorecem a liberação máxima da dopamina, o mensageiro químico cerebral responsável pela sensação de prazer e recompensa. Infelizmente a dopamina não se acumula, portanto, a pessoa volta a procurar novamente pelo prazer, aumentando a frequência e a quantidade de determinado alimento.

Existe uma região no cérebro conhecido como hipotálamo e nela se encontram o centro da fome e da saciedade. Fome é um sentimento natural de sobrevivência, ou seja, comer para não morrer de fome, que em geral não é o caso. Já a saciedade é o mecanismo que nos faz parar de comer, ou seja, dá o basta quando estamos comendo um pacote de salgadinhos. É nesse mecanismo que normalmente ocorre o desequilíbrio que nos faz continuar a comer mesmo sem ter fome. A química cerebral que regula, a saciedade é orquestrada principalmente pela serotonima e pela dopamina.

A dopamina é capaz de ativar o centro do prazer e da recompensa em certas partes do cérebro e, portanto, pode induzir ao vicio, ajuda necessidade de repetir uma experiência prazerosa. Esse é o sistema de recompensa cerebral e a dopamina é o neurotransmissor do “quero mais”. Está associada não só ao prazer de comprar ou comer algo, mas à antecipação de tal prazer. Só de imaginar aquele chocolate, seu sistema de recompensa se ativa. O pior é que o efeito da dopamina é curto e logo você vai querer mais.
Uma vez que seu cérebro tenha aprendido o que é bom, ele vai sempre pedir mais. Nesse momento, procure não ficar pensando, identificar se existe algum “gatilho emocional” e procure mudar o foco.

A complexidade da vida moderna e os altos níveis de estresse acionaram comportamentos que contrastam profundamente com o que sabemos ser certo e necessário. Presos a recorrentes ilusões de gratificações tão intensas quanto efêmeras acabamos nos entregando ao prazer e recompensas imediatas.









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