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Prof. Dr. Luciano Simões Silva
A Voz do Profissional da Voz
Artigos | Currículo   

O ressecamento da laringe e a prevenção

Durante o inverno e em estações muito secas, é comum as pessoas sentirem a garganta rouca, com dificuldade para falar ou cantar, ou sentirem dor. O uso continuado da voz sem a devida hidratação das mucosas pode causar prejuízos grandes às pregas vocais. Estes casos podem gerar uma bola de neve, já que com dificuldade de falar a tendência é aumentar o esforço para falar, aumentando o estresse e a tensão.



A prevenção ainda é o melhor negócio. Para se prevenir, o profissional tem que primeiro: beber dois litros de água todos os dias. No caso de professores, por exemplo, é bastante recomendado que bebam meio litro de água a cada dois ou três períodos de aula. É extremamente importante que o corpo esteja sempre hidratado para que as mucosas que recobrem as pregas vocais (e toda a mucosa do trato vocal e da laringe) estejam lubrificadas, principalmente em tempo seco ou para quem trabalha com ar condicionado ligado o tempo inteiro. Em particular, o caso do ar condicionado ainda suscita polêmica, já que boa parte dos fonoaudiólogos sustenta a tese de que ele não faz mal por si só (ao contrário dos professores de canto, que tendem a odiar ambientes climatizados). Um ar condicionado limpo realmente não traz substâncias tóxicas ou partículas nocivas ao sistema respiratório, mas mesmo limpo é fato que ele retira umidade do ar, e o ressecamento causa sim problemas à mucosa. Portanto a prevenção é sempre estar bebendo muita água em ambientes fechados.

As condições ambientais de trabalho também afetam muito a saúde vocal: ambiente com muito barulho faz com que a pessoa tenha que falar muito mais alto para ser ouvida. Pó de giz, poluição, fumaça, e tudo que é composto de partículas sólidas que podem ser aspiradas irão prejudicar a mucosa também. Portanto tentar mudar estas condições de trabalho é a primeira coisa que se deve fazer.

Isto sendo impossível, o profissional deve usar de lógica para usar ou não remédios caseiros. Anestésicos locais embutidos em pastilhas para a garganta só irão prejudicar a avaliação sobre o estado de saúde, pois a ausência de sensação local inibe que a pessoa tome providências sobre sua garganta.

Uma das principais e óbvias lembranças é que qualquer coisa que seja ingerida não vai passar pela laringe e sim vai direto da faringe para o esôfago, portanto remedinhos tópicos não tem nenhuma eficácia direta na laringe. Apenas o que pode ser aspirado tem efeito direto sobre a laringe. Claro que estes remédios afetam a mucosa da faringe e da boca (além da mucosa do esôfago).

Por isso, contra o ressecamento ambiental, o vapor d’água ainda é o melhor remédio imediato e repetido. Antes de dormir, à noite, tenha sempre do lado da cama um bom umidificador de ambiente ligado, para que o vapor d’água seja aspirado e possa umedecer as vias respiratórias de maneira tópica (a hidratação via água é sistêmica já que ela tem que primeiro ser absorvida pelo sistema circulatório). Adicione, se puder, algumas gotas de soro fisiológico à agua. Uma solução caseira para quem não tem umidificador é simplesmente deixar uma panela cheia de água ao lado da cama, pois a água evapora e deixa o ambiente menos seco. Uma solução caseira e rápida é aquecer a água até que ela quase entre em ebulição. Aproxime a cabeça da panela e envolva a cabeça com uma toalha para que quase todo o vapor d’água seja aspirado por você. Faça isso por alguns minutos (mas com muito cuidado com a água quente!). Todas estas sugestões podem melhorar bastante o ressecamento da mucosa e tornar o muco mais líquido.

Uma última lembrança importante: a ingestão de álcool pode afetar as mucosas da faringe a da boca, por ser um agente desidratante e anestésico, então não é bom exagerar.








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