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Prof. Dr. Luciano Simões Silva
A Voz do Profissional da Voz
Artigos | Currículo   

A Competição Sonora e o Comportamento Vocal

Um problema comum que atinge a todos é a poluição sonora. Em metrópoles como São Paulo, é comum o barulho constante e presente mesmo tarde da noite, principalmente para quem mora perto de grandes avenidas. Outras situações comuns são televisão alta, tanto em casa como em restaurantes, muitas pessoas falando ao mesmo tempo, música alta e presente mesmo quando não é necessário, caminhão, ônibus. O Estadão informou recentemente que há ônibus na capital paulista que produzem barulho que chega aos 110 decibéis, quando o limite é de 85 decibéis.



Este excesso de barulho causa danos tanto físicos como psicológicos que podem piorar muito com o passar do tempo, mas o grande problema é que, ao contrário de problemas de saúde óbvios, que fazem o paciente se dirigir com urgência ao pronto-socorro, problemas com a audição ou com a voz são interpretados como normais, que “fazem parte da vida estressada de São Paulo”. Não deveria ser assim.

Alguns profissionais da voz, como cantores, que precisam estar com a voz 100% todo o tempo, em geral prestam muita atenção a estes detalhes. Outros, como os professores, precisam prestar mais atenção, pois é fácil esquecer que estão usando a voz de maneira pouco saudável. Um professor que não está atento à competição sonora tende a falar mais alto para compensar, como toda pessoa já faz. A diferença é que sua voz é essencial ao seu trabalho. O professor deve tentar ao máximo não levantar a voz: ao invés de chamar a atenção dos alunos falando alto para poder começar a aula, deveria bater palmas ou então esperar os alunos perceberem que a aula já começou. Além disso, deve ter sempre à mão uma garrafa de água e beber cada vez que precisar (inclusive para dar uma pausa no discurso). Competir vocalmente com trinta ou quarenta alunos é perder a voz e a saúde.

A competição sonora faz parte do nosso cotidiano: tentamos falar mais alto que as pessoas em volta para sermos ouvidos e tentamos nos impor falando mais alto. Este é um comportamento reflexo, também chamado de reflexo Lombard. Automaticamente tentamos nos impor e falar mais alto que o ambiente em nossa volta. Às vezes este reflexo causa situações constrangedoras, como por exemplo, a tendência que pessoas falando ao celular em público tem de falar alto “preventivamente”. Estes comportamentos afetam nossa saúde vocal. A televisão em volume alto e ligada o dia inteiro, o rádio e o mp3 player no fone de ouvido, fazem com que percamos a noção do que é um volume de audição e fala normal: tudo funciona em volume mais alto do que é necessário. Este comportamento faz com que causemos riscos às pregas vocais (sem contar os tímpanos e nossas preciosas células ciliadas!): a musculatura intrínseca da laringe trabalha mais e com mais intensidade, as pregas se chocam e algum nódulo pode ser criado.

É por isso que a primeira coisa que temos que fazer é ter consciência de como estamos falando, se estamos usando um volume adequado à situação e se temos controle sobre o barulho do ambiente. Se estivermos em local com muito barulho, procurar não falar ou gritar e achar um local mais quieto para a conversa.









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