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Dr. Mauricio Kurc - CRM 59335
Otorrinolaringologia
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O que é implante coclear?

O implante coclear (ouvido biônico) é um dispositivo que restabelece parcialmente a audição em pessoas com surdez severa ou profunda, quando o órgão sensorial auditivo localizado dentro da orelha interna não se desenvolveu ou foi danificado por alguma forma de doença, medicamento ou trauma. Diferentemente de um aparelho auditivo, esse dispositivo não amplifica o som. Esse dispositivo substitui as partes danificadas do órgão da audição estimulando diretamente o nervo auditivo com correntes elétricas.

É o resultado de uma série de investigações que se iniciaram no século XIX, e como tal é o primeiro grande avanço que surgiu para ajudar pessoas profundamente surdas a se comunicarem, desde o desenvolvimento da linguagem de surdos na Escola de Surdos de Paris há 200 anos.

Também foi a primeira interface direta para o sistema nervoso central criada, que restabelece alguma função sensorial para o uso clínico de forma regular.

A primeira cirurgia de implante coclear ocorreu no Brasil há aproximadamente 30 anos e mais de 70.000 pacientes já se beneficiaram do implante coclear em todo o mundo.

A cirurgia do implante coclear é um procedimento ambulatorial que se realiza sob anestesia geral, dura aproximadamente 2 horas e é considerada muito segura. O paciente volta às suas atividades habituais em 3 a 4 dias. Mesmo crianças bem pequenas podem se beneficiar deste tratamento. Crianças com até 3 meses de idade já receberam o implante coclear. No Brasil, a criança mais nova com implante coclear tinha em torno de 10 meses na data da cirurgia. No outro extremo há pacientes com mais de 70 anos usando o implante coclear.

A cirurgia é feita por um otorrinolaringologista, embora nem todos os especialistas realizem essa cirurgia. A avaliação é feita por uma equipe (otorrino, fonoaudiólogo, enfermeira, psicólogo e outros) que realizará uma série de testes para verificar a indicação do implante.

O equipamento é bastante sofisticado e funciona a partir do princípio de que é possível estimular as células neurais (mais precisamente os neurônios do gânglio espiral – que fica no centro da cóclea, na orelha interna) a partir da criação de campos elétricos.

É composto de duas partes principais: uma interna que é chamada de implante coclear e uma externa chamada de processador de linguagem. A unidade externa se mantém em posição, alinhado à unidade interna, através de um imã. Portanto não há furos na pele.

A fala e outros sons são captados por um microfone e enviados ao processador de linguagem que fica posicionado como um aparelho auditivo atrás da orelha. Esse processador codifica e digitaliza os sons em sinais elétricos que são enviados por um cabo a uma antena de transmissão. O sinal atravessa a pele até o implante como ondas de rádio freqüência. O implante interno transforma o sinal em impulsos elétricos, os quais vão estimular as fibras do nervo auditivo, por meio de um conjunto de eletrodos muito finos introduzidos no interior da cóclea.

Apesar do processador de linguagem selecionar e transformar em impulsos elétricos a informação contida nos sons de forma mais próxima possível do som original, os sons percebidos não são completamente naturais, porque o eletrodo introduzido na cóclea contém apenas certo número de eletrodos (por volta de 20 nos implantes mais modernos) que vão substituir a função de milhares de células sensoriais do ouvido humano.

No entanto, pacientes que receberam implantes podem conversar com outras pessoas, utilizando a linguagem falada; podem falar ao telefone e podem até mesmo voltar a ouvir música. Claramente obtiveram uma substancial melhora na sua qualidade de vida. Os pacientes com implante coclear podem escutar a própria voz e a dos outros, o que melhora o desempenho da sua própria fala. Dessa forma esses pacientes são capazes de finalmente compreender a linguagem sem a ajuda da leitura de lábios.

Crianças que nasceram surdas e são implantadas precocemente desenvolvem um grau de linguagem que é similar às crianças da mesma idade. Da mesma forma crianças e adultos que antes escutavam, mas perderam a audição também se adaptam muito bem ao implante.

O tempo transcorrido entre a perda da audição e o início da reabilitação através do implante coclear é critico para o resultado em termos auditivos, sendo os pacientes implantados mais precocemente os que obtêm os melhores resultados.



Dr. Mauricio Kurc - Otorrinolaringologista - CRM 59335








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