Colunistas

Dra. Erica Monteiro
Dermatologista - CRM 87350-SP
Artigos | Currículo   

Eu tenho acne! E agora doutor?

A acne é um doença extremamente comum afetando quase 80% de adolescentes e adultos jovens entre 11 a 30 anos. Sabe-se que dois terços dos pacientes com acne apresentam curso autolimitada (ou seja, melhora sozinha), no entanto outros casos requerem atenção e tratamento por tempo prolongado para evitar a evolução para formas graves da acne com cicatrizes permanentes.

Portanto, atualmente entende-se a acne como doença crônica e não apenas uma doença autolimitada da adolescência!

Dentre as características usadas para definir a cronicidade da acne, destacam-se: curso prolongado, padrão de melhora e piora, manifestação de crises agudas ou início lento e o impacto psicossocial que afete a qualidade de vida dos pacientes.

Não há consenso sobre quais pacientes desenvolverão curso crônico da doença. Alguns fatores que já foram relacionados à cronicidade são: produção de andrógenos adrenais ( são hormônios produzido por duas glândulas que ficam em cima de cada rim) relacionados ao estresse, colonização por bactérias da pele (principalmente uma chamada de Propionebacterium acnes) , antecedentes familiares (ou seja, outras pessoas na família que tenham acne), e pessoas com quadros graves de acne ( alguns quadros graves são, por exemplo, acne conglobata, queloidiana, inversa, androgênica).

Fatores importantes no aparecimento da acne (ver figura 1)

Existem 4 fatores que interagem de modo complexo: 1- entupimento do poro da glândula sebácea, 2- aumento da produção de sebo pela glândula sebácea, 3- presença de bactérias na glândula sebácea, 4- resposta imunológica e inflamatória que é a reação do organismo a todos os fatores 1, 2 e 3.

Classificação da acne

Não há consenso quanto à padronização de um sistema de graduação da acne. Simplificando, podemos classificar em:

Não inflamatória: 1

1. Acne comedoniana ou não inflamatória: as lesões predominantes são comedões, são as lesões popularmente conhecidas como cravos. Os cravos podem ser abertos (pretos) ou fechados (brancos), geralmente ambos estão presentes.

Inflamatória: 2,3,4

2. Acne pápulo-pustulosa: predominam lesões inflamatórias, ou seja, espinhas e pápulas (pontos vermelhos), também existe o comedão (cravo). É graduada em leve, moderada ou grave.

3. Acne nódulo-cística: tem todos os elementos anteriores, mais lesões císticas que popularmente são conhecidas como “acne interna”. Divide-se em moderada e grave.

4. Acne Conglobata: constitui uma forma grave de acne, em que ao quadro anterior, associam-se nódulos com grande quantidade de pus numerosos e grandes, formando abscessos e evoluindo para deformação.

A acne fulminante é classificada à parte. Trata-se de forma rara no nosso meio, na qual, associado às formas de acne nódulo-cística ou conglobata, surge subitamente febre, alterações no exame de sangue, dor nas articulações (cotovelos, joelhos, punhos, dentre outras), queda do estado geral.

Figura 1- Representação da unidade pilo-sebácea onde os principais fatores envolvidos na acne atuam.



TRATAMENTO

Atualmente recomenda-se o tratamento precoce para minimizar os danos psicológicos e físicos (cicatrizes, deformação do rosto e do corpo, manchas na pele, dentre outros).

A forma não inflamatória da acne, ou seja, grau 1 na forma leve ou moderada, pode ser tratada com profissionais não médicos, mas com especialização técnica comprovada para trabalhar com a pele. Ou com tratamentos que vemos nas farmácias e que incluem sabonete, tônico e gel secativo.

As formas inflamatórias e mesmo a não inflamatória grave devem ser tratadas pelo médio dermatologista! Lembrar que a acne tem bactérias envolvidas e também pode levar a formação de cicatrizes deformantes para a vida toda! Só o médico pode prescrever antibióticos.


Referências

1- Monteiro EO. Acne e fotoproteção. RBM. 2009;66:6-9. Edição Especial Dermatologia e Cosmiatria.

2- Monteiro EO. Tratamento tópico e acne. RBM. 12;69:16-9. Edição Especial Dermatologia e Cosmiatria.

3- Monteiro EO. Tópicos, sistêmicos e outros tratamentos para acne. RBM. 11;68:4-14. Especial Dermatologia e Cosmiatria.

4- Zouboulis CC, Eady A, Philpott M, Goldsmith LA, Orfanos C, Cunliffe WC, et al. What is the pathogenesis of acne? Exp Dermatol. 2005;14:143-52.









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