Colunistas

André Massaro
Saúde Financeira
Artigos | Currículo   

Você precisa de um personal trainer financeiro?

Como eu gostaria de ter sido um atleta... Nunca levei muito jeito para a coisa, mas admirava as pessoas que conseguiam fazer proezas físicas e para quem a boa forma era um estado absolutamente natural. Minha inabilidade para esportes e atividades físicas em geral ainda é algo um pouco misterioso para mim. Talvez eu não tenha sido adequadamente motivado, mas o fato é que só comecei a dar uma maior importância para a boa forma física quando virei adulto. Mais especificamente após os trinta anos (não tenho dado tanta importância quanto deveria mas, acreditem, já estive pior no passado...).

Eu comecei a dar um pouco mais de atenção ao meu próprio corpo e à minha saúde depois de ter me tornado um profissional de finanças com alguma experiência; então foi inevitável, para mim, traçar um paralelo entre as duas coisas.

Uma coisa que eu já havia aprendido sobre dinheiro (uma das coisas mais irônicas e contraditórias do mundo das finanças) é que quanto mais você se “preocupa” com o dinheiro, menos precisa se preocupar com ele. Isso significa que, quanto mais atenção você der à sua situação financeira agora, menor será o risco de que você se veja em uma grande enrascada financeira do futuro (aí, sim, você vai descobrir o que é se preocupar...).

Descobri que meu corpo funciona mais ou menos do mesmo jeito: quanto mais eu cuido dele “direitinho”, é menor a possibilidade de que eu me veja na frente do médico ouvindo uma bronca e, talvez, alguma má notícia.

Só que, apesar desse paralelo, existe uma grande diferença entre as duas coisas. É possível você “terceirizar” completamente sua vida financeira, colocando suas decisões de consumo e investimentos nas mãos de amigos, cônjuges, gerentes de banco, consultores, contadores ou o que preferir. Existem pessoas que passam por toda a vida sem nunca terem visto um extrato da própria conta bancária. Seguem placidamente sem ter a menor ideia do que acontece em suas vidas financeiras.

Já nosso corpo não aceita muito bem essa terceirização. Eu posso contratar um personal trainer para me preparar fisicamente mas, não importa o quão caro eu pague, não consigo fazer com que ele entre em forma em meu lugar. Adoraria contratar alguém para ficar fazendo dieta e exercícios em meu lugar enquanto eu colho os benefícios disso mas, ao menos por enquanto, a biologia e a tecnologia médica não permitem algo assim...

Voltando um pouco à questão da terceirização das finanças, minha prática profissional mostra que, apesar de parecer um ótimo negócio deixar tudo nas mãos de alguém, que vai cuidar para nós daquelas “coisas chatas”, isso nem sempre é algo muito positivo.

Com frequência assustadora, sou procurado por pessoas passando por alguma situação financeira complicada (e põe complicada nisso...) que foi originada por um acompanhamento deficiente da própria situação financeira ao longo do tempo. Isso pode acontecer por culpa da própria pessoa (muita gente gosta de acreditar que está “tudo bem” até dar de cara com a dura realidade) ou de terceiros, que não estavam tecnicamente preparados para a função ou agiram de má-fé mesmo.

É preciso deixar uma coisa muito clara neste momento: nossa vida financeira não é “terceirizável”. Temos que ter algum grau de controle sobre nossas próprias finanças. Podemos até delegar algumas funções mais operacionais e maçantes, mas não podemos abrir mão, jamais, das decisões importantes e de saber, a qualquer momento, o que está acontecendo com nosso dinheiro.

Algumas pessoas acabam recorrendo a profissionais financeiros como consultores pessoais ou mesmo os próprios gerentes bancários para organizar e planejar suas finanças, mas o que essas pessoas precisam mesmo é de um “personal trainer financeiro”, alguém que não fará organização ou planejamento algum, mas a preparará e educará para que se fortaleça financeiramente e se torne uma pessoa autônoma, independente e bem informada para tomar suas decisões por si mesmas (e aí sim fazer seu próprio planejamento). Se precisarem consultar alguém elas o farão, mas farão em busca de informações e análises que ajudarão a refinar suas decisões, e não simplesmente para perguntarem, com voz chorosa, “e agora, o que eu faço?”.

Faça um grande favor a si mesmo: não entregue sua vida financeira “de bandeja” nas mãos de quem quer que seja. Se for recorrer a alguém, recorra a um profissional que esteja empenhado em prepará-lo e educá-lo para ter uma vida financeira saudável, e não uma eterna relação de dependência. Invista em sua evolução pessoal e em sua educação financeira.










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