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Teatro: “A Dama do Cabaré”

Estreiou dia 19 de junho, sexta, às 21h30 no Teatro Augusta, a peça A Dama do Cabaré, dirigida por Marcus Vinicius de Arruda Camargo. Com título inspirado na música homônima de Noel Rosa, a peça recria o ambiente boêmio do Rio de Janeiro da década de 30, quando nascia o samba. Nesse contexto, uma dançarina de cabaré, que quer se tornar estrela do rádio, se envolve numa rede de amores, interesses e malandragem.

Carmen (Gisela Estella) e Ilson (Cristiano Bianchini) são dois artistas de trajetórias diferentes. Carmen trabalha como dançarina de cabaré e quer ter um disco gravado e ser cantora do rádio. Ilson é compositor. Desacreditado, compõe o “Samba do Feijão” e se complica ao se envolver com o malandro Mauro Brito (Marco Enzo), que quer um samba para lançar. Carmen divide um chatô com a dançarina Julinha (Luciana Luca) e Teresa (Fernanda Lisboa), que trabalha na fábrica de tecidos. Ilson namora Teresa, mas seu verdadeiro amor é Carmen. A oportunidade que Carmen quer no meio artístico, só Vitorio - (Alexandre Ell) dono de um selo de discos - pode conseguir. Nessa atmosfera de vaidades, traições, amores, malandragem e sonhos se desenrola a trama.

“Mesclamos drama com comédia para narrar as histórias desse ambiente que gira em torno do cabaré, que é quase submundo da sociedade, é um simulacro dela. Todos os personagens usam de malandragem e artimanhas para tentar conseguir o que querem, às vezes pela força das circunstâncias. Ilson, por exemplo, não nasceu malandro, mas vive na malandragem. Já Mauro Brito é um malandro assumido. Em um determinado momento da peça, ele chega a declarar: ‘Sou um cara empreendedor, vai ter muito Mauro Brito por aí’”, conta o diretor Marcus Vinicius. "A dama do cabaré é a única personagem que consegue sair desse cenário de ambiguidades, desse cabaré que é o próprio universo. A Carmen convive com a idéia do cabaré, mas sua visão é diferente, não ilusória”, completa a atriz Gisela Estella.

Entre a história e as estórias do samba

O ambiente é a boemia do samba, com seus cafés, músicas e cabarés. Uma atmosfera de onde o samba praticamente saiu de sua condição marginal para entrar nos salões mais ricos do Rio de Janeiro. Os concursos de música e principalmente carnavalescos fizeram história. Era o começo das gravações com microfones mais sensíveis, o começo dos discos e do rádio.

Um longo levantamento histórico foi feito por Marcus para recriar fielmente o ambiente e os personagens de então. Em cena, recriam-se ambientes marcantes da capital fluminense nos anos 30, o café Nice e o cabaré Apolo. O diretor fez do palco um típico cabaré que serve de cenário-base para a montagem, com cortinas pretas e vinho, em veludo e renda. Simples, a cenografia usa mesas e cadeiras de bar, que vão se movimentando e se compondo de maneiras diversas, sugerindo os ambientes onde se desenrola a trama: os salões, casas, ruas.

Na trilha musical, a tradicional música dos anos 30: sambas, tangos e marchinhas. Feitiço da Vila, de Noel Rosa, Taí, de Carmen Miranda, e os tangos Fumando Espero, de Felix Garzó e El día que me quieras, de Carlos Gardel, são algumas das que compõem o repertório. “Tentei levantar as músicas que estavam tocando naquela época. Situamos a história em 1933, e o Samba do Feijão, por exemplo, é uma música que seria lançada no ano seguinte”, conta o diretor Marcus Vinicius.

O diretor se debruçou sobre as biografias de Noel Rosa e de outros sambistas da época e usou esse material como base na criação de muitos dos personagens da trama. Ilson é um clássico exemplo dos sambistas daquele tempo: anônimos, de classe baixa, vendiam a preços módicos seus sambas, que depois estouravam nas rádios, assinados pelo empresário que os comprava. O Samba do Feijão, que Ilson compõe, na verdade é Tenho Raiva de Quem Sabe, música de Noel Rosa cantada por Mário Reis. E o envolvimento de Ilson e Mauro Brito faz referência ao caso histórico de Noel Rosa e Kid Pepe com esse samba. “Quem assinou a música foi Kid Pepe, um valentão lutador de boxe e dos maiores ‘empresários’ daquela época. Mas supõe-se que o samba, na realidade, foi composto só por Noel Rosa. Na peça, a autoria da música é de Ilson, que foi roubado por Mauro e vendida a Kid Pepe. Noel Rosa, forçado por Kid e Mauro, trocou a letra!" conta - e se diverte - Marcus.

Nessa brincadeira de mesclar ficção e realidade, figuras históricas como Carmen Miranda, Mario Reis, Francisco Alves, Mario Lago, Cartola, Almirante e o próprio Noel Rosa surgem paralelos à trama, influenciando decisivamente o enredo. “Na peça, a personagem de Julinha namora Noel Rosa e depois acaba pegando tuberculose. Na vida real, houve mesmo uma Julinha que foi namorada de Noel. Em uma cena, alguém almoça com Carmen Miranda e, em outra, o samba de Ilson é apresentado a Francisco Alves. Mas não há personalização, nenhum dos atores interpreta esses personagens, é nos diálogos que damos indícios de que essas pessoas passaram por aí”, conta o diretor.

Segundo Marcus, a peça retrata o começo do samba, uma época de muita transformação, quando floresceram ícones da nossa cultura. Mas a intenção não era de contar a trajetória do samba, nem a biografia de algum ícone, como Noel Rosa. “Focamos nos personagens excluídos da história, que não chegaram em lugar nenhum. Todos eram sambistas, da classe média baixa carioca. Alguns, como Francisco Alves, fizeram sucesso, ficaram conhecidos e enriqueceram, mas teve muita gente que não deu certo, muitos Ilsons que a história não registrou”, conclui.

Sobre Marcus Vinicius de Arruda Camargo

Autor, produtor, diretor e professor de interpretação. Marcus Vinicius estudou Artes Cênicas na Escola de Comunicações e Artes ECA-USP. Dirigiu, entre outros, os espetáculos Macário, de Álvares de Azevedo, com Luciana Vendramini, inaugurando o Tucarena; Cartas de um Sedutor, adaptado da obra de Hilda Hilst; Viagem ao Centro da Terra, com o diretor Rikardo Karman, no túnel em obras sob o rio Pinheiros. Escreveu e dirigiu Feminina Lunar no Teatro do Centro da Terra.

Sua carreira também é marcada por produções voltadas para a área infanto-juvenil, além de encenações de teatro adulto. Na década de 80, escreveu para o programa Bambalalão, da TV Cultura. Nos anos 90, publicou pela Quinteto Editorial-FTD o livro Desce do Muro, Moleca! (em segunda edição, com 20 mil exemplares) e adotado em sala de aula por escolas de São Paulo. O livro deu origem à adaptação teatral homônima com indicação para o Prêmio Coca-Cola de teatro jovem como melhor texto, melhor direção e melhor cenografia e para o Prêmio Apetesp, como melhor diretor, autor e trilha sonora. Em 2007, escreveu e dirigiu o espetáculo infanto-juvenil Ervilha Sapo Junior.

Com a peça Um Jeito Assim... recebeu o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) como melhor diretor de teatro infantil e foi indicado para o Troféu Mambembe como melhor autor. Seu outro texto voltado para jovens, O Beijo na Terra, em 2000 conquistou prêmio no Concurso Nacional de Textos Teatrais Inéditos do Ministério da Cultura e o de melhor texto no Festminas – Festival de Teatro de Minas Gerais.

Diretor de cinema e publicidade, escreveu e dirigiu com Mauricio Lanzara o curta-metragem Imminente Luna com Raul Cortez e Emilio Di Biasi.O curta recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais, entre eles o troféu TV Cultura no 11º Festival internacional de Curtas-metragens de São Paulo. Desde 2002, ministra cursos de interpretação na sua escola, Casa de Cinema e Televisão, em São Paulo, preparando elenco para longas-metragens.


Serviço:

A DAMA DO CABARÉ – Estréia dia 19 de junho, sexta, às 21h30, no Teatro Augusta – Sala Experimental. Sextas às 21h30, sábados às 21h e domingos às 19h. Temporada: até 20 de setembro. Texto e Direção: Marcus Vinicius de Arruda Camargo. Com Gisela Estella, Cristiano Bianchini, Luciana Luca, Marco Enzo, Alexandre Ell e Fernanda Lisboa. Duração: 65 minutos. Capacidade: 40 lugares. Ingressos: R$ 30,00 (meia-entrada para estudantes: R$ 15,00). Recomendação etária: 14 anos.

Teatro Augusta – Rua Augusta, 943. Fone: 3151-4141. Ar condicionado. Acesso a deficientes físicos. Horário da bilheteria: de quarta e quinta das 14h às 21h, sexta das 14h às 21h30, sábado das 15h às 21h e domingo das 15h às 19h. Aceita Mastercard, Dinners Club e Redeshop. Central de Vendas Ingresso Rápido: 2163-2000.




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