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Clube da Memória entra no combate ao Alzheimer

Clínica carioca começa a treinar idosos vulneráveis a doenças

É preciso treinar a memória enquanto é tempo, porque a perspectiva para o Brasil é a de que, até 2025, o país seja o sexto maior do mundo em número de idosos, quando os fatos recentes tendem a desaparecer da mente da população sexagenária mais vulnerável às doenças do tipo Alzheimer. De acordo com estatísticas, há no Brasil 1,2 milhão de pessoas que sofrem desse mal. Em 2025 este número poderá chegar a mais do que o dobro.

Para o psiquiatra Marco Negreiros uma das formas de combate à doença é exatamente o treinamento da memória. Para isso, especialistas da clínica Carlos Bacelar, no Rio de Janeiro, criaram o Clube da Memória.

- A finalidade desse clube é treinar as habilidades cognitivas como atenção, memória, funções executivas e linguagem. Não apenas para prevenir doenças da memória, mas também para melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças crônicas como Alzheimer, demência vascular, que é a segunda causa de demência em idosos, e estimular a reabilitação - diz Negreiros, um dos supervisores do Clube da Memória.

- Uma pessoa que teve Acidente Vascular Cerebral (AVC), depressão ou abusa de álcool, pode ter problemas sérios de memória, porém com o treinamento oferecido pelo Clube, a tendência é melhorar. E de forma mais rápida devido ao estímulo que os exercícios estarão dando ao cérebro. Em alguns casos, o paciente pode se recuperar em seis meses ao invés de um ano - explica o médico.

De acordo com o neurologista Oscar Bacelar, PhD pela Universidade de Basel, na Suíça, quanto mais cedo o mal de Alzheimer for diagnosticado mais ajuda terão os médicos para retardar a evolução da doença e combatê-la com medicamentos específicos, pois esta “é a terceira causa de morte nos países desenvolvidos, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares e do câncer”, explica o neurologista, lembrando estatísticas que mostram a doença como flagelo para 26 milhões de pessoas no mundo.

No Clube da Memória os pacientes poderão estimular o cérebro com técnicas de reabilitação e treinamento da memória lógica, através de exercícios individualizados que abrangerão funções mentais, como pensamento, atenção, juízo crítico, cálculo, habilidades visuo-motoras, reconhecimento e capacidade de abstração.

- O treinamento cognitivo é a melhor forma de melhorar o desempenho intelectual e proteger o cérebro de doenças neurodegenerativas. Ele é indicado também para pessoas normais que se queixam de esquecimento. Já a reabilitação cognitiva é uma forma de maximizar o funcionamento cerebral através do recrutamento de neurônios para suprir a região danificada. É indicado nos casos de doenças degenerativas (como o Alzheimer), AVC e traumatismo craniano - explica Oscar.

- Os pacientes mais vulneráveis às doenças degenerativas são hipertensos, diabéticos, cardiopatas, obesos, sedentários, dependentes químicos, os que possuem histórico familiar de doença de Alzheimer e os que usam pouco a cognição. Estes estão mais propensos às alterações de memória. O indivíduo que tem comprometimento cognitivo leve, ou seja, distúrbio leve que só é diagnosticado através de testes neuropsicológicos, terá 80 % de chances de apresentar a doença Alzheimer com o tempo – ressalta Negreiros, acrescentando que depressão, álcool e outras drogas, inclusive calmantes, podem causar distúrbios de memória.

O mal de Alzheimer atinge em média 10% da população brasileira acima dos 65 anos e estudos recentes demonstram que o número tende a dobrar a cada cinco anos. E, segundo Oscar Bacelar, esta projeção mostra, teoricamente, que 70% dos idosos com 95 anos de idade sofrerão com o mal. A idade é, portanto, o principal fator de risco para o Alzheimer.

- Não há diferença significativa de riscos entre homens e mulheres. No entanto, o maior número de mulheres com a doença deve ser devido à sua maior expectativa de vida e não a algum fator de risco específico ligado ao sexo - observa o neurologista Oscar Bacelar.

O pioneiro clube entrará em funcionamento em agosto e promete ser uma importante ferramenta na prevenção e tratamento de doenças neurológicas específicas.




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