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Quanto compensa vacinar contra HPV no Brasil?

Estudo realizado pela AxiaBio, grupo privado de pesquisadores pioneiro na realização de estudos em farmacoeconomia no Brasil, revela que a vacinação contra o HPV é custo-efetiva no país. Os dados mostram que a relação entre o que se gastaria e economizaria para vacinar meninas de 12 anos, em todo o país varia de R$ 1607 a R$ 2224 por QALY (Ano de Vida Ajustado pela Qualidade). Esses números representam uma grandeza variável, medida que leva em consideração a qualidade e a quantidade de anos vividos. A estimativa é conservadora e a relação muda ao longo do tempo, em cada local, cenário e contexto político.

Ou seja, para adotar a política pública de vacinação contra HPV, o governo movimentaria R$ 1.607,00 além do que já paga para que cada paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) faça a prevenção contra os Papilomavírus Humano (HPV) tipos 6, 11, 16 e 18, que podem causar câncer de vulva, vagina, colo de útero, pênis, ânus e orofaringe além de verrugas genitais. O valor aumentaria para cerca de R$ 2.224,00 caso as mulheres fossem vacinadas apenas contra os tipos 16 e 18 do HPV, responsáveis pelos diversos tipos de cânceres.

O valor não representa um gasto. A conclusão direta é que o desempenho do investimento é muito melhor quando a escolha implica proteger as pacientes de infecções causadas por mais tipos de vírus. Portanto, a eficiência do desembolso é maior porque é possível diminuir mais tipos de doenças relacionadas ao vírus HPV em mais pessoas, em um menor período de tempo.

A conta considera todas as incógnitas dessa operação, que envolve ensaios clínicos, incidência, prevalência de doenças, custo-utilidade dos tratamentos, impacto orçamentário, produtividade, entre outros. Os resultados permitem concluir que o investimento em vacina implica em diminuição de custo per capita e rendimento em escala populacional ao longo do tempo.

Para fazer o cálculo, foi preciso uma investigação para entender: o que é pago, qual a melhor maneira de avaliar o que é desembolsado e quais parâmetros são adotados para essas avaliações. A conta demonstra para as fontes pagadoras o que deve ser investido para que o paciente tenha acesso às tecnologias inovadoras na diminuição de doenças.

“O método para o cálculo é científico, seguro. Os números representam uma estimativa da vida real, que consideram informações objetivas e subjetivas que variam à medida que precisamos indagar, a cada passo da investigação, o que é mais importante para chegar a conclusões concretas, como a qualidade do tratamento e a qualidade da vida após o tratamento ao longo de um ano”, explica a economista especializada em farmacoenomia, Gabriela Tannus.

As áreas de farmacoenomia das empresas privadas de todo o mundo fazem essa conta em seu dia a dia. O desafio do estudo foi analisar o custo-efetividade da adoção da vacina em um país como o Brasil, onde a saúde é um direito constitucional, que não estabelece um teto para investimentos em inovações na área como ocorre em outras nações. Para isso, o padrão utilizado foi a Organização Mundial de Saúde (OMS), que determina que uma intervenção de saúde que custe adicionalmente até três vezes o valor do PIB per capita (cerca de R$ 20.000,00 no Brasil), a cada ano, poderá ser considerada para ser incorporada ao sistema.

Por exemplo: no Reino Unido, qualquer tecnologia que custe até 30.000 libras adicionais por ano, são consideradas custo-efetivas e incorporadas no processo de inclusão de novas tecnologias no sistema de saúde do país.

A incógnita que mudou a conta

As verrugas genitais são o diagnóstico mais frequente de doença ligada ao papilomavírus humano. São cerca de 30 milhões de novos casos/ano no mundo, considerando somente as mulheres. As verrugas genitais aparecem até três meses após a infecção pelo HPV e a estimativa é que a incidência seja de 1% da população.

Um investimento em vacina que previna essa doença faz com que o retorno financeiro apareça em menos de três anos, porque ele pode ser contabilizado imediatamente após a primeira aplicação. Um bom exemplo é o estudo publicado no final de 2011 no British Medical Journal (BMJ), que mostrou que estudo realizado pelo governo australiano demonstrou uma redução de 90% das verrugas genitais em mulheres e em homens de até 21 anos que foram imunizados pelo Programa Nacional de Vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) naquele país. Além disso, durante os quatro anos de vacinação gratuita (2007 a 2011), verificou-se um acentuado declínio de novos casos do problema.

Outro fator que deve ser destacado em relação ao resultado de custo-efetividade da vacina é que, no intuito de realizar uma estimativa conservadora, o parâmetro usado pelo estudo para fazer o cálculo considera apenas o valor pago pelo SUS para o tratamento da primeira infecção e ignora o gasto com reinfecções, que ocorrem em pelo menos 25% dos pacientes.

Evitar doenças sempre custa menos?

O Programa Nacional de vacinação contra Papilomavírus Humano na Austrália disponibilizou vacinação gratuita de 2007 a 2011 e um estudo constatou 90% de redução dos casos de verrugas genitais em mulheres e homens de até 21 anos. A imunização tem impacto significativo na saúde pública, mas esse resultado só pode ser aferido ao longo do tempo.

Para se ter uma ideia, vacinar contra o câncer de colo de útero, que é uma doença muito prevalente entre a população feminina brasileira, representa diminuir o gasto com o longo monitoramento (mais realizações de exames de Papanicolaou) e o tratamento (quimioterapia, radioterapia, histerectomia). Segundo o resultado do estudo, o retorno da vacinação também é efetivo para cânceres, mas levará mais tempo para ser percebido, pelo menos 15 anos.

“O tempo de início da apresentação dos resultados de saúde é sempre uma referência importante quando trata-se de políticas de saúde, uma vez que o gestor precisa desta variável para realizar sua avaliação. ”, reforça Gabriela.

Além disso, a redução de custos que a vacinação representará é significativa ao longo da própria implementação. Primeiro vacina-se um número de meninas de uma única faixa etária. No ano seguinte, são vacinadas apenas as que completarem a idade adotada como referência.




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