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Entenda como a terapia gênica coloca manipulação do DNA a serviço da Medicina

Técnica permite levar genes de células saudáveis para dentro de células doentes ou “marcar” aquelas que devem ser atacadas por medicamentos

Os avanços da ciência no campo da genética já permitem aos médicos imaginar um futuro sem o termo “incurável” associado a muitas doenças. E uma das principais apostas para o tratamento de câncer, AIDS, doenças degenerativas e hereditárias é a terapia gênica, tratamento baseado na manipulação genética com pesquisas promissoras.

O professor Carlos Menck, presidente da Sociedade Brasileira de Genética (SBG), explica que o objetivo é corrigir o problema na sua origem. A técnica consiste em, após identificar o gene causador da patologia, desativar o gene doente e reprogramá-lo para produzir as proteínas certas, fazer com que volte a funcionar parcialmente, ou adicionar novos genes em substituição aos que não funcionam normalmente.

“Uma célula mutada, que se multiplica em outras células com a mesma mutação, pode receber a ‘receita’, o gene, tornando-se saudável, reduzindo os efeitos da doença”, diz o geneticista. “Em outra situação, a terapia gênica pode carregar um gene que provoque a morte de células que não nos interessam, como células tumorais, por exemplo. Alguns estudos têm procurado direcionar os vetores da terapia gênica apenas para células tumorais, garantindo que apenas as células com problemas sejam atingidas, sem impacto nos tecidos saudáveis.”

Vírus como vetor: aliado da saúde

Para transportar de maneira eficiente o gene é necessário o uso de vetores – uma forma de levar a informação genética para dentro da célula, onde ela é copiada em RNA. A prática mais promissora é o uso de vírus contendo partes do material genético a ser transferido.

“Um dos desafios é a escolha do melhor vetor para chegar até as células-alvo, pois o sistema imunológico poderia considerar o vetor um inimigo e destruí-lo”, explica Menck. Quando o vírus é utilizado como vetor, os cientistas substituem os genes nocivos à saúde por genes terapêuticos, tornando-os incapazes de provocar uma doença e passam a servir apenas como transporte.

Pré-condições à realização da terapia gênica

Para que a terapia tenha maiores chances de sucesso é necessário que os pesquisadores já conheçam a biologia da doença, como funciona o seu mecanismo de codificação das proteínas e como ela se manifesta. Assim como doenças que são caracterizadas pela mutação de um gene, que são mais fáceis de compreender. Isto ajuda a definir o tipo de tratamento e o melhor vetor para chegar às células-alvo.

Outra condição é que o gene com a mutação não seja dominante negativo, pois estes são capazes de impedir a ação do gene terapêutico e comprometer o sucesso da terapia. Nestes casos a terapia gênica, associada a outras técnicas existentes, pode estimular a inativação específica do gene dominante negativo, tornando a célula saudável.

Desafios para a ciência

Embora as pesquisas com terapia gênica tenham evoluído bastante nos últimos anos, ainda é cedo para a Medicina partir para sua aplicação prática, pois os pesquisadores também se depararam com alguns resultados e problemas inesperados. Entre essas dificuldades vale destacar a alta resposta imunológica a alguns vetores virais, assim como efeitos colaterais dos procedimentos com esses vetores ainda precisam buscar estratégias para buscar soluções.

“É por isso que os cientistas têm estudado cuidadosamente a manipulação dos vetores e usado um tipo específico para cada intervenção. Esse cuidado é necessário para que as pesquisas desenvolvam procedimentos eficazes para atingir apenas as células doentes”, diz o geneticista. “Mesmo com as dificuldades encontradas, hoje em dia mais de 1.300 procedimentos clínicos de terapia gênica são realizados em humanos e novas estratégias estão sendo incorporadas aos tratamentos, incluindo as possibilidades de uso conjunto com células-tronco. As perspectivas indicam ainda um longo percurso a ser percorrido, mas que certamente ampliará nossas formas de defesa da saúde.”




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