Novidades
Lei seca e saudade!

Lei seca e Saudade (*)

Um sábado muito especial na residência do casal num condomínio bonito nos arredores da capital paulista, reunindo “jovens” nascidos sob a égide do segundo governo de Getúlio, lá no começo dos anos 1950. Almoço daqueles para emendar com o jantar, começando no meio da tarde com a presença de vários casais amigos para comemorar o aniversário da anfitriã. Como acontece invariavelmente nas festas de casais, dois grupos distintos, dez de cada lado. As estridentes vozes femininas perpassam as colunas sociais, escândalos de estrelas, idas e vindas de namorados e namoradas dos filhos e filhas, fotos de netos recém nascidos (“não é carinha da vovó), receitas e amenidades. Na outra enorme mesa redonda “eles” começam a resolver os problemas nacionais e internacionais. Obama vai arrumar os Estados Unidos, crise econômica pega no Brasil (quero ver essa explosão de consumo quando o dinheiro acabar, diz um deles), pau nos políticos e problemas nos respectivos trabalhos.

A esta altura, copos de uísque já foram reiteradamente abastecidos pelos garçons e as garrafas de um doce vinho português rolam pelas taças. De repente as conversas paralelas convergem para um único tema, uma única preocupação: a tal Lei Seca, prendendo e multando quem é apanhado com ou sem sopro no bafômetro, desde que o “bafo de Onça” seja perceptível. A concordância com a Lei é geral, mas restrita. A maioria gostaria da permissão de um teor mínimo mais alto.

- 0,5 estaria bom, diz um.

- Poderia começar com 0,7, diz outro.

E numa torrente de lembranças, começam a soltar histórias da juventude, recheadas de bebedeiras homéricas, amigos caídos depois dos bailes, pais desesperados colocando os filhos embaixo da água fria.

- Estamos vivendo uma ditadura! diz um dos integrantes da mesa, com teor alcoólico mais elevado.

Das histórias da juventude com “porres” à reclamação dos radares eletrônicos em avenidas e estradas é um passo rápido.

E depois vem a restrição ao cigarro (3 da mesa fumavam e outros 7 tinham largado o vício).

- Nós chegávamos dos bailes e ainda ficávamos nas calçadas, conversando, diz o decano do grupo, do alto dos seus oitenta e fumaça.

Da outra ponta da mesa vem mais um lamento no mundo tecnológico do século 21:

- As praias não eram iluminadas e a areia servia de colchão para jovens namorados.

As comparações não param, pululam de cadeira para cadeira.

- Acabou o “drive-in”!

- E a rua Augusta, então? Subia e descia cruzando com as gatas!

- Fim de noite era na Paulista com a Brigadeiro, no Cartola Clube, tentando laçar um último encontro no fim da linha!

Um tanto cambaleante pelos “scotchs” lá vem ele com uma flecha certeira no peito dos tempos modernos:

- Nem “zona” tem mais!!!

Ao lado da mesa das lamentações dos lambreteiros, cinco ou seis jovens filho, sobrinhos e amigos dos filhos da aniversariante apenas ouvem e sorriem das memórias de um passado não muito distante. Com certeza eles ouviram falar (e muito), assistiram filmes e gols do gênio Pelé; nas aulas de economia, história e sociologia, leram muito os tempos de inflação galopante comendo o salário; ouviram muitas histórias de horários dos bailinhos (o horário do fim, antes, é o horário do começo, hoje). Mas esses jovens nunca conseguirão viver o que a turma de 50 viveu.

Em momento extremo da filosofia do copo na mesa dos amigos, a suprema frase para marcar o momento que vivemos:

“Gente, acabou a verdadeira putaria”!

Risada geral, mas no fundo, no fundo, todos tinham a certeza de que os bons e felizes momentos tinham acabado.

Serviço:

Por José Nello Marques
Jornalista e Radialista das Rádios USP e Bandeirantes
josenellomarques@gmail.com




Veja mais

Conheça cinco motivos para não tirar cutículas

5 Fatos que todos devem saber sobre HEMORROIDAS

Dia Mundial do Coração em 29/09: a cada 40 segundos um brasileiro morre devido a doenças cardiovasculares

AACD celebra 66 anos e promove evento sobre empreendedorismo e superação. Veja aqui como comprar seu convite!

31/05: 5º FÓRUM DA SAÚDE E BEM-ESTAR



Clique aqui e veja todas as matérias

Encontre os melhores preços de medicamentos e leia bulas