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20/08/2010
Pintas na pele: perigo ou charme?

Algumas podem ser bem charmosas, mas nem todas as pintas são bem-vindas e, alguns casos, precisam de avaliação especializada. De acordo com o cirurgião plástico Fábio Busnardo (CRM-SP 81566), responsável pelo Grupo de Cirurgia Plástica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e pelo Serviço de Câncer de Pele da Divisão de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas, uma pinta muito grande, de alto relevo, tons variados e com forma assimétrica pode ser sinal de lesões graves e evoluir para um câncer de pele.

Na entrevista abaixo, o Dr. Fábio, especialista em câncer cutâneo, explica em detalhes a origem da pinta, como identificá-las e quais os procedimentos para sua retirada. Acompanhe!

1. Por que existem pintas na pele? Por que surgem?

Existe um tipo de célula presente na pele chamada de melanócito e que compõe parte da estrutura normal da camada mais superficial da pele, a epiderme. O melanócito tem uma função muito importante que é a produção da melanina, um pigmento que é transferido para as outras células que constituem a pele, os queratinócitos. Além de ser responsável pelo bronzeamento de uma pessoa quando exposta ao sol, a melanina tem como principal efeito proteger a pele contra os efeitos deletérios da luz solar. As pintas ou nevus são agrupamentos destas células e surgem por características genéticas do próprio indivíduo (pele clara, histórico familiar, etc) ou estimuladas pela contínua exposição ao sol.

2. Qual a diferença entre pinta congênita e pinta adquirida?

As pintas congênitas são chamadas de nevus melanocíticos congênitos. Estudos demonstram que de 1 a 6% das crianças têm estes nevus ao nascimento. Trata-se de uma incidência de, aproximadamente, uma em cada 100 crianças nascidas. A maior parte destas lesões são pequenas (menores que 1 cm de diâmetro) e não trazem maiores problemas ao paciente. Entretanto, existe um tipo de nevo de maiores dimensões (maior 20 cm), que ocorre em 1 a cada 20.000 crianças nascidas. São chamados de nevus congênitos gigantes e têm uma probabilidade de 4,5% a 10% de se transformarem em um tumor maligno (melanoma maligno). Independente do tamanho da pinta que é observada pela mãe, no momento do nascimento do bebê, ela deve procurar um especialista para avaliação. Através da análise clínica detalhada, o médico saberá indicar se aquela pinta deve ser retirada ou apenas seguir o acompanhamento.

3. Quando as pintas adquiridas começam a aparecer?

Pintas podem surgir nos dois primeiros anos de vida em até 2% a 6% dos indivíduos. Entretanto, a maior parte destas lesões surge entre o final da infância, adolescência e início da fase adulta.

4. Qual é o número normal de pintas nos adultos?

O número normal pode variar conforme as características genéticas da pessoa, a tonalidade de sua pele e sua história de exposição ao sol. Entretanto, indivíduos com histórico pessoal ou familiar de um grande número de pintas (mais de 80) devem passar por uma avaliação com um médico especialista.

5. Como identificar se uma pinta tem propensão de ‘virar’ um câncer de pele?

Existem algumas alterações de características nas pintas que toda pessoa deve prestar atenção. Quando observar qualquer modificação, o ideal é procurar um médico dermatologista ou cirurgião plástico para que o mesmo avalie a necessidade de retirada e análise das mesmas. Os sinais mais comuns de maior possibilidade de transformação em câncer de pele são:

Alterações da coloração: variações de tonalidade de marrom, preto, vermelho ou azul. Também deve ser observada se a pinta tem áreas com perda da pigmentação;

Alterações de tamanho: aumento súbito ou contínuo;

Alterações na forma: presença de bordas irregulares;

Alterações na superfície: áreas de elevação súbita ou feridas. Além de coceira e dor local.

6. Quando devemos nos preocupar com o número de pintas existentes no corpo?

Uma única pinta com as características acima descritas (dimensão maior que 6mm e com alterações de tonalidade, bordas irregulares e assimétricas) deve funcionar como um sinal de alerta. Além disso, um grande número de pintas (mais de 80), história familiar de câncer de pele e exposição excessiva ao sol são fatores que indicam a necessidade de procurar auxílio médico.

7. O que se pode fazer para evitar que as pintas virem câncer de pele?

A prevenção está relacionada, principalmente, com cuidados com o maior fator de risco para o aparecimento do câncer de pele que é a exposição excessiva à luz solar. O aparecimento do melanoma parece estar relacionado ao excesso de exposição ao sol na infância e na adolescência. Pessoas de pele clara e que se queimam com facilidade devem ter atenção redobrada. Também é muito importante evitar horários de maior intensidade de luz ultravioleta - entre 10 horas e 15 horas. O uso de protetor solar de boa qualidade com reaplicações freqüentes (a cada 2 horas e quando sair da água) também é importante. Pessoas com história familiar de câncer de pele devem ser mais cuidadosas e realizar consultas rotineiras aos médicos especialistas.

8. Quando é necessário remover uma pinta?

Pintas que coçam, aumentaram de tamanho, mudam de tonalidade, apresentam manchas ou inflamação local devem ser avaliadas por um especialista e, eventualmente, removidas.

9. Qual o papel do cirurgião plástico na remoção das manchas e pintas? Como é realizado o trabalho conjunto com o dermatologista?

Pacientes com manchas ou pintas na pele procuram um dermatologista ou um cirurgião plástico especializado. A retirada delas pode ser realizada por qualquer um dos profissionais ou mesmo por um cirurgião geral. O cirurgião plástico atua, principalmente na retirada de pintas maiores ou em áreas de maior exposição, como face, mãos e membros.

10. Em quais casos é necessária a realização da reconstrução cutânea?

Em algumas situações (tumores em face, mãos e membros) faz-se necessário o uso de técnicas de reconstrução da pele comprometida pelo câncer de pele. Quando uma pinta evolui para um câncer, o tratamento envolve sua retirada com uma margem de segurança (de 1 a 2 cm). Comprovadamente este fato aumenta as chances de cura da doença. Entretanto, esta retirada de tecido pode gerar uma cicatriz desagradável ou mesmo impossibilitar a cicatrização normal da pele.

Hoje, por meio de técnicas de reconstrução, o cirurgião plástico está habilitado a reparar a área da retirada do tumor com o restabelecimento da forma e da função local. A maior parte das ressecções de melanomas exige o uso de técnicas de cirurgia plástica para potencializar o resultado estético após sua retirada.





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