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05/05/2009
Gripe suína: dúvidas e medos

A grande preocupação hoje é se a gripe suína tem potencial para ser uma pandemia. Sim, ela pode virar pandemia pois, ao contrário da gripe aviária, a transmissão é de pessoa a pessoa. Aviões potencializam a transmissão; em poucas horas um portador do vírus atravessa o mundo. O próprio avião facilita o contágio. Mesmo antes dos primeiros sintomas, um portador do vírus pode transmiti-lo pelo ar ou pelas mãos.

Com grandes cidades, grandes aglomerações urbanas, a disseminação do vírus pode ser rápida no Brasil, com muitas mortes. Há ainda (a maioria das pessoas ficam doentes e se recuperam da infecção) as perdas de dias de trabalho, comprometimento do dia-a-dia das escolas e, do ponto de vista psicológico, o pânico e medo da morte.

Nunca tivemos uma pandemia respiratória, de proporções semelhantes à da gripe de 1918, depois do surgimento da vacina da gripe e dos antivirais. Portanto, muitas especulações são possíveis, desde a mais alarmente ("vírus sem controle, com muitas mortes") até as mais otimistas ("temos vacinas e medicações que antes não existiam"). Na realidade, este é um cenário desconhecido, totalmente novo. Só o tempo dirá se as precauções foram exageradas ou se estávamos despreparados para este evento.

O importante nesse quadro alarmista é que o Brasil tem condições de combater de forma eficaz essa epidemia. Drogas antivirais estão estocadas e temos o potencial de lidar de forma positiva com esta situação. A forma como o Brasil lidou com a epidemia de AIDS, além das campanhas de vacinação, são exemplos de que o nosso país tem condições reais de diminuir o impacto de uma infecção preocupante.

Neste aspecto é importante a população colaborar. Os cuidados básicos são os mesmos dos orientados para se evitar o contágio da gripe, ou seja, evitar aglomerações, lavar as mãos, tomar a vacina antigripe (apesar de não sabermos ao certo se isto é eficiente para esta epidemia), e procurar o médico se aparecerem sintomas respiratórios em quem acabou de viajar.

Essa crise vai desencadear muitas atitudes e reflexões. A primeira é em relação aos cuidados de uma epidemia que atinge pessoas de todas as classes sociais. Isso é bom pois reforça as medidas de proteção da sociedade em relação à prevenção de doenças respiratórias, estoque de vacinas e medicamentos e pesquisas para novas drogas. Por outro lado, pode ser encarada como negativa, pois tira o foco de doenças que acometem as classes menos favorecidas. Morre-se mais de doenças passíveis de prevenção, mas que atingem pessoas pobres. Malária, Doença de Chagas e Esquistossomose são alguns exemplos.

A segunda reflexão está relacionada ao simbolismo de uma doença de grandes proporções. Isso mexe com nossos medos e o mais básico de todos é o medo de morrer. Infecções como essa gripe suína deixam explícita nossa fragilidade e finitude. Há muito se espera por uma grande infecção, descontrolada, como a que aconteceu no fim da Primeira Guerra Mundial. Alarmistas ficam excitados com a possibilidade de estarmos próximos do fim do mundo, mas a verdade é que a ciência evoluiu e tem condições de lidar relativamente bem com esse problema.

Entendendo melhor a gripe suína

A Gripe Suína

É uma doença respiratória de porcos, provocada por um vírus influenza do tipo A, iniciada no México e que pode se propagar rapidamente.

O vírus

O vírus influenza tipo A é o responsável pela doença. Esses vírus têm alto poder de mutação e isso pode ocorrer no homem e no porco, um animal que possui, nas vias respiratórias, receptores sensíveis aos vírus da influenza de suínos, humanos e aviários. A partir dessa combinação, surgem novos tipos de vírus.

O vírus da gripe suína causa altos índices de doença e baixos índices de morte nos porcos. A maioria dos surtos ocorre no final do outono e nos meses de inverno, semelhante aos surtos em seres humanos.

Atualmente, há quatro tipos de vírus de gripe suína do tipo A são H1N1, H1N2, H3N2 e H3N1. O atual é uma mutação do H1N1.

O contágio

Esses vírus podem passar, por proximidade (chiqueiros, feiras, por exemplo) dos porcos para as pessoas e daí para os porcos novamente. Pela tosse ou pelo espirro de pessoas infectadas o quadro pode ser transmitido entre os humanos (como qualquer infecção viral respiratória – caxumba, rubéola, sarampo, etc.).

Sintomas

Os sintomas são normalmente similares aos da gripe comum, porém, muitas vezes, mais agudos e incluem febre, moleza, falta de apetite e tosse. Coriza clara, garganta seca, náusea, vômito e diarréia também podem acontecer, assim como, dores de cabeça, dor muscular e articular.

Em resumo, não há sintomas específicos que identifiquem o quadro de gripe suína. São os sintomas de qualquer gripe.

Diagnóstico

Só se consegue a certeza isolando-se o vírus influenza tipo A, analisando amostras respiratórias dos pacientes, nos primeiros 4 a 5 dias ou até 10 dias em crianças.

Vacinação

Até hoje, a vacina contra gripe suína só existe para os porcos e com o vírus sem mutação. As vacinas atuais de gripe não oferecem proteção contra a gripe suína. Pela evolução do risco, busca-se uma solução a curto prazo para elaboração dessa vacina.

Tratamento

Algumas drogas antivirais (zanamivir e oseltamivir) estão sendo usadas na prevenção e tratamento da doença, tentando impedir a replicação do vírus dentro do corpo humano. Até agora, se observou uma diminuição da agressividade da infecção com o tratamento. Para sua maior eficácia, é necessário começar sua utilização nos dois primeiros dias de sintomas.

Duas questões a se pesar:

1) O diagnóstico laboratorial de confirmação só é feito após o 4º a 5º dia de doença.

2) Esses sintomas são comuns à maioria dos quadros respiratórios, que não são apenas provocados pelo vírus influenza. Resfriados simples, nos dois primeiros dias, podem cursar com coriza, tosse, espirros, mal estar, dor de cabeça (por exemplo) e até com febre alta e não devem ser tratados com esses medicamentos.

O uso indiscriminado desses antivirais pode induzir a mais mutações e a efeitos colaterais com riscos desnecessários.

Prevenção

Segundo o CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA), a atitude mais adequada e cabível para o momento é evitar a doença e o contato com pessoas doentes. Os cuidados higiênicos são os mesmos que se deveria ter para prevenir contágio de quaisquer doenças infecto-contagiosas.

O uso de máscaras respiratórias ou cobrir o nariz e a boca quando tossir ou espirrar são questionáveis, se você não tiver o contato com pessoas provenientes das regiões onde está a doença.

Lavar as mãos com água e sabão, sempre após espirros ou tosse.

Atenção: Não há contaminação ao comer a carne de porco cozida (a 70º) porque os vírus da gripe suína são destruídos a essa temperatura.

No Brasil

Nenhum dos casos, segundo o Ministério da Saúde, preenche a definição de caso suspeito conforme os critérios estabelecidos, até agora, no Brasil. Devem ser encaminhados aos serviços de saúde de emergência, apenas os sintomáticos que chegarem de áreas em que já se confirmou oficialmente casos e que apresentem sintomas como febre repentina, acima de 38°C, acompanhada de um ou mais dos seguintes sinais: tosse, dificuldade respiratória, dores de cabeça, musculares e nas articulações.

Entenda as classificações

- Tipo de caso em relação à infecção humana pelo vírus da influenza suína A (H1N1).

1- Caso suspeito

Febre superior a 38ºC e tosse acompanhada de um ou mais dos seguintes sintomas: dor de cabeça, dores musculares e nas articulações E:

- procedência ou viagens recentes para as áreas de ocorrência de casos OU

- contato próximo* com casos confirmados de infecção humana pelo vírus influenza suína

A(H1N1) destas áreas, nos últimos 10 dias.

Contato próximo*: indivíduo que cuida, convive ou teve contato direto com secreções

respiratórias ou fluidos corporais de um caso confirmado ou provável.

2- Caso provável

Definido como indivíduo que apresentar teste positivo para influenza A, mas não

sorotipável pelos reagentes utilizados para detectar vírus influenza sazonal OU

Indivíduo com doença compatível clinicamente OU que foi a óbito por doença respiratória

aguda e com vínculo epidemiológico a caso provável ou confirmado.

3- Caso confirmado

Definido pela confirmação laboratorial dos casos efetuada por um ou mais dos seguintes

3 testes: RT-PCR e seqüenciamento, isolamento viral e aumento em 4x dos títulos de

anticorpos específicos (sorologia, 1ª amostra até 7 dias do início dos sintomas e a 2ª

amostra, no mínimo, após 15 dias ou até 21 dias).

- Fases de epidemia segundo a OMS.

Fase 1: Nenhum vírus circulando em animais causou infecção em humanos.

Fase 2: O vírus Influenza circulante entre animais domésticos ou selvagens causou infecção em um ser humano e é considerado uma ameaça potencial de pandemia.

Fase 3: Mutações de vírus animais ou humanos-animais causam casos esporádicos de doenças em humanos, mas não resulta em transmissão de homem para homem da doença.

Essa transmissão só ocorre em situações especiais (contato próximo entre indivíduo infectado e um cuidador desprotegido).

Fase 4: Transmissão viral de homem-a-homem, capaz de aumentar os níveis populacionais de uma epidemia, podendo criar condições para uma pandemia mas sem certeza absoluta desse desfecho.

Fase 5: Transmissão viral inter-humanos em pelo menos dois países de uma mesma região da OMS. Esse é o momento de estar com a organização, comunicação e implementação dos planos e medidas de controle preparados.

Fase 6: Fase da pandemia iminente.

Você sabia que só de janeiro a março de 2.009, tivemos 1.397 casos de dengue no Estado de São Paulo?

Você sabia que de fevereiro a abril de 2.009, foram detectados 25 casos de febre amarela com 9 óbitos (36%) no Estado de São Paulo e de dezembro de 2.008 a março de 2.009, foram 23 casos e 9 óbitos no Rio Grande do Sul?

Mais uma vez, prevenir ainda é melhor do que remediar.

Serviço:

1) Dr. Moises Chencinski - médico pediatra e homeopata, autor dos livros "Homeopatia- mais simples do parece" e “Gerar e Nascer – um canto de amor e aconchego”.: www.doutormoises.com.br

2) Dr. Raul Emrich Melo, autor do livro História e Alergia (Via Lettera), palestrante, Doutor Medicina, especialista em Alergia-Imunologia e pesquisador da UNIFESP. Também faz parte da Sociedade Brasileira de História da Medicina. www.raulmelo.com.br





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