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25/06/2007
Intestino preso?

Obstipação intestinal, intestino preso, constipação, prisão de ventre: muitos nomes para um único mal.

“Ao corpo humano faz grande diferença se o pão é feito de farinha de trigo fina ou grossa, com ou sem o farelo”. Hipócrates, 460 A.C.

“Doutora, tenho muita dificuldade para ir ao banheiro...”, “Às vezes, fico três ou quatro dias sem conseguir evacuar...”, “Em banheiros fora de casa,eu não faço de jeito nenhum...”, “Quando eu viajo, só consigo ir ao banheiro no quarto ou quinto dia”... Estas são queixas comuns que a endocrinologista, Ellen Simone Paiva, diretora do Centro Integrado de Terapia Nutricional, Citen, ouve de seus pacientes em dieta. “Mas a obstipação acomete também quem não está fazendo regime, pois é causada, principalmente, pelo consumo excessivo de alimentos industrializados, pobres em fibras. A incidência do problema chega a 20% da população”, diz a médica.

Segundo a médica, a obstipação intestinal pode ser caracterizada quando:

- a freqüência ou quantidade de evacuações é reduzida;
há necessidade de força excessiva para evacuar;

- mesmo com evacuações diárias, as fezes são fragmentadas ou endurecidas;

- há sensação de evacuação incompleta ou de obstrução ao evacuar.

Além da insuficiente ingestão de fibras, que impede a formação de bolo fecal por pura falta de resíduo alimentar, o problema pode ser agravado pela baixa ingestão de líquidos; pela vida sedentária e pela obesidade; por reflexos evacuatórios não atendidos por longos períodos (“depois eu vou ao banheiro”; “em casa, eu vou ao banheiro com tranqüilidade”); pelas doenças que envolvem o intestino (processos inflamatórios), o sistema nervoso (esclerose múltipla, acidente vascular cerebral); pelas doenças endócrinas e metabólicas (hipotireoidismo e diabetes) e pelo uso de alguns medicamentos (diuréticos, analgésicos, suplementos com cálcio e ferro), “inclusive o uso prolongado de laxantes, muitas vezes, ingeridos como remédios para emagrecer”, alerta a médica.

Em relação ao uso de laxantes, todos são prejudiciais, “inclusive aqueles ditos naturais, como chá de Senne e o complexo 46”, diz Ellen Paiva. Estes produtos são, em sua maioria, lesivos à mucosa do cólon por seu efeito irritativo e estimulante do peristaltismo intestinal. O uso abusivo e prolongado cria uma inércia intestinal e o órgão passa a funcionar somente com a ingestão de doses cada vez mais elevadas. “O uso contínuo desse medicamento pode levar à desidratação e ao desequilíbrio de sais minerais, entre outras conseqüências”, informa.

Há ainda no mercado, medicamentos que são lançados como “emagrecedores”, tidos como inibidores da reabsorção intestinal de gorduras e que, na verdade, não passam de laxantes. “O que os fabricantes destes remédios não dizem é que a perda de peso ocorre por perda de água, pela desidratação que o medicamento causa”, diz a endocrinologista Ellen Paiva. O usuário do medicamento perde água corporal através da diarréia e dessa forma perde peso, sem nenhuma alteração no seu teor de gordura corporal. “O único medicamento que realmente reduz a absorção intestinal de gordura é o orlistat. E apenas quando é ingerido sob supervisão médica, em uma dieta balanceada e com teor de gordura em torno de até 30%, ele não provoca diarréia”, explica a médica.

O que são as fibras?

Para que servem?

Segundo a nutricionista do Citen, Amanda Epifanio, as fibras as são partes comestíveis das frutas e dos vegetais que não são digeridas, nem absorvidas pelo organismo humano, sendo fermentadas no intestino grosso. “A classificação das fibras em solúveis e insolúveis é didática, uma vez que, encontramos os dois tipos de fibras em um único alimento. Mas esta classificação permite uma diferenciação entre as fibras que não sofrem fermentação, com efeito benéfico ao hábito intestinal, ditas insolúveis, e aquelas que têm efeito metabólico sobre a absorção da glicose e das gorduras no intestino delgado e são facilmente fermentáveis, as fibras solúveis”, explica a nutricionista.

A fibra insolúvel apresenta capacidade de absorção de água e retenção de líquidos, o que facilita o movimento peristáltico do bolo digestivo, aumentando o peso das fezes e a velocidade com que elas passam pelo trato gastrintestinal, prevenindo ou tratando a constipação e suas complicações. “Esse tipo de fibra não exerce nenhum efeito metabólico no organismo. Elas permanecem intactas através de todo o trato gastrintestinal e tornam as fezes mais macias, o que favorece o tratamento de hemorróidas, fissuras anais e diverticulites”, diz Amanda Epifanio.

Fontes de fibras insolúveis:

• farelo de trigo, farinha de trigo integral, cereais matinais, grãos integrais;

• vegetais e frutas maduras: couve-de-bruxelas, beterraba, pêra, morangos, berinjela, maçã, pimentão, leguminosas, brócolis, pepino.

As fibras solúveis aparecem em menor proporção nos alimentos e representam o equivalente a 1/3 do total de fibras dos mesmos. Elas tendem a formar géis em contato com a água, aumentando a viscosidade dos alimentos no estômago, característica que retarda o esvaziamento gástrico e a absorção dos nutrientes favorecendo a sensação de saciedade. Essas fibras afetam favoravelmente o controle do colesterol e da glicemia, possivelmente pela redução da absorção do próprio colesterol e da glicose, através do aumento da viscosidade do bolo alimentar. “Além disso, as fibras solúveis protegem a mucosa intestinal através de sua fermentação, que serve de alimento para as bactérias benéficas do intestino. Esse efeito confere às fibras solúveis o status de alimento funcional prebiótico”, afirma Amanda Epifanio.

Fontes de fibras solúveis:

· cereais: aveia, cevada, milho e centeio;
· frutas: banana e maçã;
· leguminosas: feijões, ervilhas;
· couve-flor, cenoura.

Fibras nos alimentos industrializados

É só andar pelos corredores dos supermercados para ver: água com fibra, pães enriquecidos com fibras, iogurtes com fibras... Mas, após uma olhada mais atenta nos rótulos destes alimentos, essa escolha de compra pode se revelar inadequada para suprir as necessidades diárias de consumo de fibras.

Apesar dos alimentos industrializados enriquecidos com fibras serem superior aos refinados, a atitude de consumir o pão integral, por si, só, não garante o consumo ideal de fibras, que deve ser de cerca de 30 gramas diárias. “Essa recomendação só é atingida através de uma alimentação rica em frutas e vegetais, além do consumo dos produtos industrializados suplementados com fibras”, alerta a nutricionista Amanda.

Dieta para tratar a obstipação

Por si só, a obstipação não é uma doença e sim um sintoma que pode revelar alterações funcionais do intestino ou patologias intestinais, como a diverticulite, a síndrome do cólon irritável e até o câncer do intestino grosso. Geralmente é secundária a dietas restritivas, irregulares e pobres em fibras. “Assim, pessoas constipadas crônicas, laxante-dependentes ou ainda que apresentem alterações no ritmo de funcionamento intestinal, oscilando entre a diarréia e a obstipação, perda de sangue nas fezes, afilamento fecal, dor para evacuar e tenesmo (falsa vontade de evacuar) devem procurar ajuda médica imediata”, recomenda Ellen Paiva.

O tratamento da obstipação intestinal começa pela dieta do paciente. “A primeira medida a ser adotada é fazer com que a ingestão de líquidos e fibras seja adequada”, diz a endocrinologista. Entende-se por adequada a ingestão de fibras que contemple a substituição, pelo menos em parte, dos alimentos refinados por suas versões integrais, como pães e cereais, 3 a 4 porções diárias de frutas, verduras e legumes no almoço e jantar.

Quando a prisão de ventre é muito intensa ela requer suplementos de fibras como o Psyllium, a inulina e a frutooligossacarose (FOS) ingeridas 2 ou 3 vezes ao dia. “O conteúdo em fibras da dieta deve ser aumentado lentamente, para reduzir a distensão e a flatulência que podem ser induzidas pelo início abrupto do consumo. A regularidade intestinal não se alcança de imediato. Ela requer tempo, principalmente, em intestinos acostumados ao uso crônico de laxantes”, alerta a endocrinologista Ellen Paiva. Além da ingestão de fibras é importante a regularidade alimentar, pois uma dieta com jejuns prolongados ou com restrições alimentares drásticas propicia o agravamento da obstipação.

O paciente deve evitar o sedentarismo, o sobrepeso e a obesidade, adotando a prática de uma atividade física regular. Por fim, é necessário a pronta atenção à necessidade de evacuar, quer em casa, quer fora dela, pois uma vez negligenciado tal estímulo ele poderá não retornar tão cedo. Pode se determinar um horário fixo para tentar evacuar, “preferencialmente após uma refeição, para que seja aproveitado o reflexo de evacuação existente nessa ocasião, mas com o cuidado de não impor força ao ato, pois essa pressão intensa ao períneo pode levar ao aparecimento de hemorróidas”, recomenda a médica.

Quando a causa da obstipação é orgânica, isto é, decorrente de alguma outra doença, o tratamento será indicado de acordo com o diagnóstico. “O uso de medicamentos para tratar a obstipação intestinal deve ser proposto pelo médico que acompanha o paciente, de acordo com cada situação”, reforça a diretora do Citen.

SERVIÇO:
CITEN - Centro Integrado de Terapia Nutricional
Endereço: Rua Vergueiro, 2564. Conjuntos 63 e 64
Vila Mariana - São Paulo-SP - CEP: 04102-000
Atendimento: De segunda a sexta. Horário: 08h30min às 18h30min horas.
Telefone: (11) 5579 1561/5904 3273.
www.citen.com.br





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