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18/09/2013 Deu pane no mecanismo da dor? Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a dor crônica afeta 30% da população do mundo. Somente nos Estados Unidos, esse problema acarreta um prejuízo anual de 550 milhões de dias de trabalho perdidos. O número alarmante fez com que as autoridades de saúde daquele país considerassem esta como sendo a década da dor. Ainda nos Estados Unidos são investidos US$ 150 bilhões/ano com tratamentos para curar a dor crônica. Os valores alarmantes são resultados das horas de trabalho perdidas e do custo dos medicamentos utilizados párea o tratamento, bem como do despreparo dos pacientes, que não sabem definir os sintomas que sentem. “Sabe-se até o momento que a dor crônica é causada por múltiplos fatores e que seus sintomas afetam a qualidade de vida das pessoas, prejudicando suas atividades diárias e impedindo-a de executar as tarefas mais simples”, explica Newton Barros, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED). A dor crônica também altera o humor, o apetite e o sono do paciente, provoca queda no sistema imunológico, levando ao estresse físico e psicológico. No Brasil também há pouca informação a respeito desse problema, o que prejudica sua identificação e embora não existam pesquisas amplas sobre o tema, sabe-se que a dor crônica acomete milhões de pessoas. A dor aguda e os diferentes tipos de dor crônica – fibromialgia, dor neuropática, dor orofacial, dor lombar, enxaqueca, entre outras –, os avanços no diagnóstico e as novas opções terapêuticas, serão alguns dos temas discutidos durante um dos principais eventos da comunidade médica no país. A dor é uma sensação desagradável que possui níveis que variam entre leve e angustiante. Seja qual for a sua intensidade, é uma condição que não pode ser ignorada ou subtratada. Além de ser caracterizada pela sua duração como aguda* ou crônica*, a dor também pode ser classificada com base nos mecanismos dolorosos desencadeantes em dor nociceptiva ou neuropática. De acordo com o ortopedista Douglas Kenji Narazaki, a dor nociceptiva é causada por uma lesão no tecido, mantendo o sistema nervoso central íntegro. Já a dor neuropática é mais persistente e ocorre quando nervos centrais ou periféricos não estão funcionando corretamente. “A dor neuropática é percebida sem que haja lesão. Essa é uma das características que faz dela mais complexa que a nociceptiva”, diz Narazaki. “A dor neuropática pode ter origem em um dano neurológico funcional ou anatômico”, explica. Para ajudar na diferenciação entre a dor nociceptiva e a neuropática, a primeira ocorre quando há ativação dos nociceptores, que são receptores sensoriais que enviam estímulos que causam a percepção da dor em resposta a um estímulo potencial de dano.
Já a dor neuropática é caracterizada pela disfunção no processamento da dor. “Ou seja, é como se fosse uma corrente elétrica que percorre seu caminho com intensidade acima do normal, provocando uma sobrecarga”, exemplifica Narazaki.
O diagnóstico da dor neuropática, muitas vezes, não é tão simples, já que seus sintomas, geralmente na forma de queimação, choques, formigamento e pontadas, podem ser confundidos com outras doenças ou outros tipos de dor, como a mista, que apresenta origem tanto nociceptiva como neuropática. São exemplos de dor mista: 1) cervicobraquialgias (dor cervical que se irradia pelo membro superior), 2) lombociatalgias (dor lombar que se irradia para a nádega e face posterior da coxa, podendo estender-se até o pé) 3) radiculopatia cervical, torácica e lombar (resultante de compressão ou irritação de um nervo que sai da coluna vertebral), dor oncológica (derivada de um câncer) e neuropatias compressivas (em razão da compressão de nervos periféricos). Os diferentes tipos, causas e sintomas complicam e adiam o diagnóstico da dor neuropática, que, para agravar ainda mais, não é uma doença muito comum e nem tão conhecida. O tratamento também é outro desafio, devido à dificuldade de controlar a dor. Atualmente, as opções medicamentosas mais utilizadas são opioides, antidepressivos, antipsicóticos e neuromoduladores. Nesta classe, existe Lyrica (pregabalina), que atua diminuindo o excesso de estímulos de dor transmitidos por meio dos nervos para o cérebro e, além de amenizar a dor, melhora a qualidade do sono do paciente, reduzindo, adicionalmente, a ansiedade. O ortopedista destaca a importância do paciente entender a dor como algo anormal e que não é obrigado conviver com ela. “A qualquer sintoma de dor persistente, seja causada por lesão ou não, é fundamental que o individuo procure um médico para fazer o diagnóstico correto e dar a melhor orientação para o controle ou abrandamento dos sinais dolorosos”, reforça Narazaki. Dr. Osvaldo Nascimento, neurologista e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) salienta que as “diretrizes para o diagnóstico desta dor, muitas vezes apresentam controvérsias, gerando confusão por parte do profissional menos experiente.” Segundo o neurologista, reconhecer a apresentação das neuropatias é fundamental para que se tenha uma indicação terapêutica adequada. “Muitos médicos não estão bem preparados para diagnosticar a patologia. É um erro comum entre eles a indicação de anti-inflamatórios para dor neuropática. Quando os médicos entenderem melhor a doença eles vão tratá-la adequadamente”, finaliza Dr. Nascimento. Referências: * Dor aguda - se manifesta transitoriamente durante um período relativamente curto, de minutos a algumas semanas, associada a lesões em tecidos ou órgãos, ocasionadas por inflamação, infecção, traumatismo ou outras causas. Normalmente desaparece quando a causa é corretamente diagnosticada e quando o tratamento recomendado pelo especialista é seguido pelo paciente. * Dor crônica - tem duração prolongada, que pode se estender de vários meses a vários anos e que está quase sempre associada a um processo de doença crônica. Pode também ser consequência de uma lesão já previamente tratada. Exemplos: dor ocasionada pela artrite reumatoide. Veja mais sobre SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA em nossas colunas de: 1) Cardiologia do Esporte com Dr. Nabil Ghorayeb 2) Em forma com Pilates com Profa. Danielle Rotondo 3) Dicas de Atividade Física, com José Carlos Altieri 4) Corrida, com Emerson Vilela 5) Qualidade de Vida, com Profa. Priscilla de Arruda Camargo 6) Cuide da Saúde com Exercícios, com Prof. Dr. Marco Uchida 7) Saúde Feminina com Prof. Dr. Mauricio Simões Abrão 8) Neurologia e Saúde com Prof. Dr. Paulo Caramelli |
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