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02/12/2011
Da água para o vinho!

Uma montanha-russa de sentimentos e atitudes. É assim que a maioria das pessoas descreve o transtorno afetivo bipolar do humor (TAB). Apesar de a doença ser comumente marcada por um humor que muda da água para o vinho, é necessário conhecer mais a fundo seus sintomas. Muitas vezes os sinais do TAB podem ser confundidos com os de outras enfermidades, comprometendo o diagnóstico, o tratamento e, por fim, a saúde do paciente.

De acordo com o psiquiatra José Alberto Del Porto, professor titular da Unifesp, o TAB caracteriza-se pela ocorrência de episódios de mania que se revezam com frequência com períodos de depressão e de normalidade. “A mania é retratada pelo humor exaltado, euforia, hiperatividade, fala exagerada, diminuição da necessidade de sono, exacerbação da sexualidade e comprometimento da crítica”, explica Del Porto, acrescentando ainda que “os episódios maníacos também podem incluir irritabilidade, agressividade, incapacidade de controlar adequadamente os impulsos, aceleração do pensamento, distração elevada e, embora haja aumento da atividade, a pessoa não consegue ordenar as ações para alcançar objetivos precisos”.

Nem sempre o paciente manifesta sintomas de forma tão separada e de fácil identificação. “Nos últimos anos, a área médica tem reconhecido a importância da ‘hipomania’, caracterizada por quadros de mania mitigada, ou seja, mania com sintomas mais suaves e brandos, que não se apresentam com a gravidade da mania propriamente dita”, esclarece Del Porto.

É possível ainda a existência de um estado misto no qual os sinais de depressão e de mania se alternam de forma muito acentuada no mesmo dia. “A pessoa pode acordar se sentindo triste, desanimada e depressiva, e passar por uma melhora ao longo da manhã, passando a se sentir progressivamente mais eufórica, ou o oposto. Também pode sentir-se hiperativa, fazendo gastos e, ao mesmo tempo, reclamar excessivamente de maneira pessimista e ter vontade de morrer, por exemplo. Com muita frequência, ocorrem estados mistos na passagem de uma fase de hipomania - ou mania - para depressão e vice-versa”.

Oficialmente, existem dois tipos de transtorno afetivo bipolar. O tipo I é representado pela mania plena e depressão maior, enquanto que o tipo II é marcado por uma depressão maior alternada com hipomania de menor intensidade e duração. Existem ainda casos de pessoas que possuem “espectro bipolar”, ou seja, manifestam sinais mais brandos da doença. “A prevalência do transtorno bipolar, em suas formas típicas, chega a 1,4% da população geral*. Mas, se considerarmos os pacientes com ‘espectro bipolar’, o número chega a 4,5%, o que faz da doença um problema de saúde pública”, alerta o especialista.

Todas essas particularidades dos sintomas podem trazer dificuldades para o diagnóstico correto de transtorno bipolar. Não é à toa que é um trabalho que exige tempo e investigação cuidadosa, incluindo muitas vezes entrevistas com os familiares do paciente. “Levantar adequadamente o histórico do paciente é fundamental, pois o psiquiatra precisa estar munido de todas as informações possíveis, como hábitos rotineiros, dependências (tabagismo, alcoolismo, uso de drogas), casos de transtornos afetivos na família, entre outros. É o primeiro passo a fazer para descartar outros males que podem mascarar o transtorno bipolar, como depressão, esquizofrenia e outros transtornos de personalidade”, diz Del Porto.

O tratamento adequado para TAB inclui medicamentos estabilizadores do humor e acompanhamento psicoterápico. Atualmente, existem medicamentos disponíveis do mercado que são capazes de reduzir os efeitos colaterais normalmente atribuídos a esse tipo de produto. Entre essas opções, está o Geodon (cloridrato de ziprasidona), que teve uma nova indicação para o tratamento da fase de manutenção da mania bipolar aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no Brasil. Indicado também para controle da fase aguda, prevenção de recorrência em pacientes bipolares e para portadores de esquizofrenia, o produto tem a vantagem de não apresentar alguns dos efeitos adversos associados aos demais antipsicóticos atípicos, como ganho de peso excessivo e indução à síndrome metabólica (aumento do colesterol, triglicérides e da glicemia).

Controlar os sintomas também é possível com a adoção de alguns hábitos no cotidiano do paciente que podem ajudá-lo a conviver com a doença. “Evitar o consumo de álcool, nicotina e drogas estimulantes, manter uma rotina diurna (dormir e acordar nos horários regulares), não trabalhar em turnos, manter o convívio social com parentes e amigos e até participar de grupos de apoio a pacientes com TAB são medidas válidas e essenciais para que a pessoa aprenda a lidar com a doença e prevenir possíveis recorrências”, orienta Del Porto.

* Dados baseados em estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos, por Kessler e colaboradores.

Veja mais sobre o assunto em nossa coluna de Neurologia e Saúde com Dr. Paulo Caramelli





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